Sei que o Brasil paga um valor muito abaixo do mercado, sei também que a “cota” do Paraguai para construção da usina foi financiada e subsidiada pelo Banco do Brasil, que o dinheiro foi captado no mercado internacional pelo Brasil, mas não tenho dados ou condição técnica para avaliar se o correto seria pagar o mesmo, dobrar, triplicar ou aumentar 30x o valor pago. Mas sei que perdemos as Sete Quedas, que não tinham preço.
Ano passado pesquisando para um trabalho de Gestão Ambiental na faculdade de engenharia elétrica deparei-me com os vídeos e fotos das Sete Quedas, lembrança de infância que tinha escondida em algum “canto” da memória, a mais forte delas do acidente com a ponte sobre uma das quedas, que passou repetidamente na Globo, quando muitas pessoas morreram. Ao circular pelo país a notícia de que as quedas seriam inundadas pelo lago da usina, milhares de pessoas correram para ver os últimos dias da maravilha da natureza. As velhas pontes não agüentaram...
O projeto original, do engenheiro militar Pedro Henrique Rupp, foi atualizado e aperfeiçoado pelo engenheiro eletrecista Octávio Marcondes Ferraz, e previa um desvio do rio Paraná logo acima das quedas, sem prejuízo a seu fluxo d’agua, e através de um canal de 60km seriam construídas, sob demanda, 3 usinas menores que Itaipú, mas que, juntas, gerariam mais energia que aquela. Após a última usina as águas seriam devolvidas ao rio.
Um projeto de usina totalmente nacional que -principalmente- preservaria as Sete Quedas e evitaria uma série de “efeitos colaterais”. Teriamos as quedas, relações possívelmente melhores com o Paraguai, que sustentamos, mas para o qual somos vilões e uma posição firme de preservação já na década de 60 poderia ser catalizador para uma política de preservação ambiental que impedisse uma série de absurdos cometidos nas últimas décadas em nome do “progresso”.
Abaixo, imagens das quedas antes e depois do lago da usina. Clique sobre as fotos e repare na posição das linhas de transmissão em uma e outra. Mostram o ponto exato onde ficavam as quedas. Um único sentimento se manifesta quando penso nisso. Tristeza.
Se quiser ver boas fotos das quedas, http://www.flickr.com/photos/setequedasvive/show/


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