A história oficial israelense baseia-se em um mito, expresso no lema "uma terra sem povo para um povo sem terra". A realidade da ocupação sionista da Palestina, porém, não é a de uma terra desabitada sendo ocupada por um povo sem terra. De fato, o que vem ocorrendo nos últimos 60 anos é a expulsão do povo nativo daquela região, para que a realidade pudesse se adequar ao mito.
Ilan Pappe, historiador da Universidade de Haifa, em Israel, é uma das corajosas vozes a denunciar a política sionista sem medo de usar as palavras adequadas para descrevê-la. Autor de "A Limpeza Étnica na Palestina", Pappe deu entrevista a Silio Boccanera, no programa Milênio exibido em 20/5 na Globo News. Para quem conhece bem o conflito sionista-palestino, a entrevista não traz nenhuma informação nova, mas é muito interessante ouvir, da boca de um historiador judeu e israelense, o que poucos podem afirmar sem serem taxados de anti-semitas.
A imagem que está vívida em minha mente [...] são as histórias que vi nas aldeias litorâneas da Palestina, e mais tarde de Israel, pois eram próximas de onde eu morava em Israel. Nessas aldeias, de acordo com a resolução da ONU, as pessoas deveriam ser cidadãs israelenses, faziam parte desse futuro estado judaico. E eles se resignaram a essa idéia. [...] Eram fazendeiros e camponeses simples que viram apenas como outro novo governo. Mas não conseguiram acreditar quando o exército israelense veio, e lhes deu uma hora para levarem o que pudessem das aldeias onde moravam havia centenas de anos, atirando para o alto para acelerar a fuga, massacrando aqueles que resistissem e estuprando as mulheres. Para mim, como relato no livro, alguém cuja família sobreviveu ao Holocausto nazista – embora a minha não tenha sobrevivido – a idéia de que os judeus pudessem fazer isso três anos após o Holocausto ainda hoje é incompreensível para mim.
Veja o vídeo da entrevista:

Nenhum comentário:
Postar um comentário